História do Vapor SCRIVIA
Lançado ao mar em 18/05/1882 e desmantelado em 1923.
Nome | Número oficial | Bandeira | IMO |
---|---|---|---|
SCRIVIA | ITA | ||
Ano construído | Data de lançamento | Data de conclusão | |
1882 | 18/05/1882 | 07/1882 | |
Tipo de embarcação | Descrição do navio | ||
Passageiro / Carga | Navio do parafuso do ferro | ||
Construtor | Jarda | Quintal não | |
Sir Raylton Dixon & Co., Middlesbrough | 200 | ||
Tonelagem | comprimento | Largura | Profundidade | Esboço, projeto |
---|---|---|---|---|
2542 grt / 1653 nrt / | 300,2 ft | 40,3 pés | 25,2 pés | |
Construtor de motores | Thomas Richardson & Sons | |||
Detalhe do motor | ||||
CI2cyl (40, 73 x 40in), 220hp, 1 parafuso |
Primeiro proprietário | Primeiro porto de registro | Data de registro |
---|---|---|
Soc. di TM Raggio & Co., Gênova | Genoa | |
Outros nomes | ||
Proprietário subseqüente e histórico de registro | ||
1885 Navigazione Generale Italiana, Palermo 1910 Soc. Nazionale di Servizi Marittimi, Palermo 1913 Società Marittima Italiana, Palermo / Napoli | ||
História do navio | ||
Observações | ||
Fim de ano | Destino / Status | |
1923 | Quebrado | |
Detalhe de Disposição | ||
Q3 / 1923 foi desfeito. |
* Não há fotos disponíveis para o Vapor Scrivia
Fonte: Tess Built Ships
Família CESCA e o Vapor Scrivia
Família relacionada com o Grupo 10.2 da Genealogia.
Arquivo Nacional - Rio de Janeiro
A família CESCA é originária do distrito de Valmareno, Follina, Treviso, no norte da Itália, na região do Vêneto, com cerca de 3.644 habitantes nos dias atuais. Estende-se por uma área de 24 Km² e com densidade populacional de 152 hab/Km², fazendo fronteira com com os municípios de Cison di Valmarino, Fara di Soligo, Mel (Belluno), Miane e Pieve di Soligo. Encontra-se a uma altitude de 200 m acima do nível do mar.
Vista da casa de Fabio De Mari,
em primeiro plano o Comune de Foliina, ao fundo e a esquerda, Frazione
di Valmareno.
Follina é uma pequena vila aninhada no sopé dos Alpes Bellunesi, sendo que a paisagem e o contexto histórico que a torna uma das cidades mais queridas e populares da histórica Marca de Treviso. Situado num vale verdejante, rica em florestas, mananciais hídricos e as vinhas verdejantes, é uma área rica em história e terra de origem de importantes dinastias nobres que fizeram a história da República de Veneza.
Para maiores informações, indicamos o site oficial de município de Folina.
Na foto ao lados temos os filhos de Giovanni CESCA e Filomena Roccon, sendo o casal da esquerda Catterina De Conto e Giuseppe Luigi CESCA (sentado) e também em pé de barba Antônio CESCA e sua esposa Luiza Todero. Senyados estão Marieta CESCA e Luigi CESCA. A família partiu do distrito de Valmareno, Follina, Treviso, no início de novembro de 1883, com destino ao porto de Gênova, local de partida definitiva para a maioria do imigrantes italianos em fins do século 19.
Giuseppe Luigi CESCA e Catterina DE CONTO |
Na mesma viagem, nossos bisavós Giuseppe Luigi CESCA, 26 anos, e sua esposa Catterina De Conto, 23 anos, com seu filho e nosso avô NATALE STEPHANO GIOVANI CESCA, com 1 ano de idade.
Vista parcial da Relação e Passageiros do Vapor SCRIVIA em
15/11/1884.
Registro da Família CESCA na página 06 relação de
passageiros com números de 343 a 350 do Vapor
Scrivia. |
*** Veja a LISTA ORIGINAL de Passageiros do Vapor SCRIVIA
***
Casa de Natale Stephano Giovanni Cesca, construída entre 1933 e 1934, na Linha Vicentina,município de Farroupilha, RS. |
Fotografia de 18 de dezembro de 2003
Gilmar Baldissera (neto) na casa onde viveu Natale
Stefano Giovanni CESCA com seus pais Giuseppe Luigi CESCA e Caterina De Conto, na Linha Santa Bárbara, município de Monte Belo do Sul, RS. |
Fotografia de 29 de setembro de 2007
A família embarcou no Vapor SCRIVIA, rumo ao Rio de Janeiro em 22 de novembro de 1883, cuja viagem teve escala na Ilha de São Vicente (Ilhas Canárias), rota para embarcações com destino ao Brasil e América do Sul em fins do século oitocentista. Após 22 dias de viagem em alto mar, chegaram ao primeiro porto e destino na cidade do Rio de Janeiro, precisamente na Ilha das Flores, que após trâmites imigratórios de três dias e também para descanso, tomaram a segunda embarcação rumo à província do Rio Grande do Sul (hoje Estado), aportando em Porto Alegre na data de 25 de dezembro de 1883, conforme os relatos de Erma CESCA, filha de Natale Stephano Giovanni CESCA. Deste porto da capital gaúcha, partem para o destino definitivo, no lote colonial da Linha Santa Bárbara, na Colônia Dona Isabel, pertencente ao então município de Bento Gonçalves, RS, atualmente é o município de Monte Belo do Sul, RS.
Fonte: Arquivo Nacional
Cartas
do Imigrante Paolo
Rossato e
passageiro do Vapor Scrivia
Registro de Passageiros do Vapor Scrivia, Paolo
Rossato e esposa sob os nº 802 e 803.
As três cartas selecionadas para análise neste ensaio são do imigrante italiano Paolo Rossato, 29 anos, que com sua esposa Rachele Massingnani, partiram da Itália, no vapor SCRIVA, a 22 de novembro de 1883 e chegando ao Rio de Janeiro em 15 de dezembro de 1883. Cartas que foram enviadas à seus pais, Sperandino Rossato e Maria Crosara. A chegado ao Rio Grande do Sul, por via marítima, foi no dia 22 e, dois dias após partiram para Poro Alegre, onde desembarcaram no dia de Natal. No dia seguinte deixaram a capital a bordo de pequeno vapor pelo rio Caí, alcançando seu destino na colônia de imigração de CAxias do Sul, a 29 de dezembro do mesmo ano.
Das três cartas aqui selecionadas, a primeira foi escrita 12 dias após a chegada ao Brasil, ainda em São Sebastião do Caí A segunda foi um mês e meio depois de instalados em Caxias, contendo dados interessantes sobre a colônia italiana. A terceira, sem data, mas possivelmente de maio de 1884, traz observações e dicas de como realizar a viagem marítima ao Brasil.
Primeira Carta em 27 de dezembro de 1883
A primeira carta de Paolo Rossato, com data de 23/12/1883, foi enviada com evidências tendenciosas procurando transmitir suas intenções aos amigos e familiares, o quanto era vantajoso emigrar. Assim descreve:
Juntamente
com Rachele, parti de Genova, com grande alegria, no dia 22 de novembro
(...) Em dez dias chegamos a São Vicente, depois em 11 dias chegamos ao Rio, e
lá, nos conduziram a uma casa de imigração, numa ilha chamada do Galo (...) Do
Rio de Janeiro rumamos para Rio Grande, depois para Pelotas e enfim, para Porto
Alegre. Seguimos após por um vaporzinho e chegamos a São Sebastião, por um rio
que é um terço maior que o Agno. Aqui encontram-se laranjas a 10 réis e por
vezes custam apenas o trabalho de colhê-las.
No dia 28 partiremos
para a colônia, às custas do governo. Aliás, desde o Rio de Janeiro recebemos
tudo do governo.
Antes de partir para a
América, parecia que partíamos para o desespero, e encontramos, entretanto,
cidades como na Itália. Aqui agora estamos no verão. Comem-se melancias, uvas
figos, laranjas. E vocês, entrementes estão com neve. Mas o calor aqui não é
muito e a gente encontra-se muito bem. Aqui troveja e chove. Resumindo, posso
dizer que tivemos uma boa viagem e estamos
bem.
Eu e a Rachele vos saudamos a todos de coração; pai, mãe, irmãos, irmãs minha
cunhada Maria e meu tio Pietro. Rachele saúda a Beppa e a espera
aqui.
Adeus, adeus
suo filho
Paolo Rossato.
A segunda Carta em 17 de fevereiro de 1884
Nesta carta escrita por Paolo, também endereçada a seus pais, datada de 17 de fevereiro de 1884, já estando o casal instalado na colônia de Imigração de Caxias, de posse do lote colonial, financiado pelo governo do Rio Grande do Sul, assim descreve:
Por
800 mil réis compramos a colônia e ficamos aqui, uns próximos aos outros. O
Maximo e o Giovanni compraram uma colônia; O Gio e a Maria outra; uma outra os
Balarini e outra os Meneguzzo. Temos dois anos sem juros para pagar. Depois se
não conseguimos, temos que pagar juros. Creio, porém, se meus irmãos e meus pais
vierem podemos pagá-la em tempo. Se estivessem aqui, teríamos agora um trabalho
empreitado por 12 de nós. O nosso contrato foi por 1,550 mil réis e podemos
concluir em 50 ou 55 dias. Por isso, se estivessem aqui os meus irmãos,
poderíamos pagar a terra com facilidade.
As colônias aqui são muito
boas, pois dão de tudo, milho e trigo como na Itália e é verdade o que dizem que
com poucas videiras fazem muitos barris de vinho, com 15 vinhas, em 3 anos se
consegue 1 barril de bom vinho. E vocês nem imaginam como uma vinha cresce aqui
em 3 anos. No rio de nossa colônia pode-se montar um moinho e uma serraria
movido a água. As águas são boas e os ares são bons. A posição é alta, mas não
com montes e sim com ondulações. Não há grandes frios e nem calores. No Campo(2)
agora há mais de 1,400 habitantes entre italianos e tiroleses e pensa-se mesmo
em formar uma Nova Itália. Há mais de 30 vendas, encontra-se de tudo, como em
Valdagano, e iniciaram já uma outra igreja.
Querem saber como andam os brasileiros aqui na América? Usam calças com flores vermelhas e rigas. As calças são estreitas na cintura, como cuecas, mas de pernas largas e apertadas no fundo. Andam de pés descalço, ou de chinelos ou então de botas a meia-canela (...) Num mês, aqui, comi tantos pêssegos como em toda minha vida na Itália(...)
Tratem
de vir o quanto antes possível, por que pretendem começar em breve uma ferrovia
de Porto Alegre a Santa Catarina.(...)
Por
hoje, saúdo a vocês e a toda a minha família, minha irmã Teresa e meu tio
Pietro. Saúdem meu locador, minha avó e toda a família, a Tei e Luigi Munaro,
meu cunhado. Digam aos parentes que falavam que a Rachele estava tísica, que ela
não está mais amarela como antes, mas engordou e está corada, a ponto que vocês
não a reconheceriam. Ela envia saudações cordiais á sua avó e a todos seus
cunhados e cunhadas, e a sua cunhada Maria, a Madalena, ao Luciano, e a nosso
tio Pietro(...) Digam a Titon, aquele que vende farinha lá em baixo, na Praça
das Galinhas, que encontrei seu irmão: encontra-se aqui no campo, comprou uma
colônia, casou-se com uma jovem de Mantua e tem 3
filhos.
Não me prolongo mais. Envio-lhes um beijo. Adeus, adeus.
Seu filho
Paolo Rossato
P. S.
– A Rachele manda saudar a Beppa e diz que a espera, para ver quem é a
melhor para andar a cavalo.
A terceira Carta: Maio de 1884
Ao enviar a terceira carta, que não possui data, mas segundo Stoltz, possivelmente escrita em maio de 1884, Paolo se esforça para fornecer as melhores dicas para a viagem de seus familiares até as colônias. Não temos as prováveis cartas remetidas de seus familiares na Itália, mas segundo o texto, devem ter mantido contato, visto que, Paolo em sua narrativa trata dos detalhes da travessia, da Itália até a serra gaúcha. A vinda dos familiares estaria certa.
Tomem
cuidado em Genova, são todos ladrões, se pudessem arrancariam também o coração.
E vocês, quando chegarem em Genova, vão fazer as refeições em São Pedro della
Rena: é um pouco mais longe, mas compensa. Cuidem de sair de casa de tal forma
que, chegados a Genova, partam de imediato. Providenciem pelas coisas
necessárias em Valdagno se for o caso, tragam um corote de rum e um de azeite e
cebolas, mas compre a grelha em Genova. Tomem cuidado, não vão atrás de tantos
velhacos. Diga ao Antoni que escreva logo a companhia dizendo que são 20 ou 30
passageiros que vão para a América e pergunte qual é o último prazo para o
pagamento.
Mas
tratem de vir o quanto antes e, se possível, venham todos juntos. Se não for
possível venham apenas os que conseguirem, mas principalmente os homens, por que
ganham dinheiro, visto que as mulheres, por hora, não ganham nada. Escrevam-me o
quanto antes qual a data da vinda, para que possa aguarda-los eu também, pois
tenho uma colônia que tem 1,500 X 250 metros, e se vocês não vierem terei que
restitui-la. Digam-me se Luciano e Madalena vêm também. Se meu locador e família
tencionam partir, haverei de escrever-lhes em breve. Escreverei logo também para
vocês a respeito do que devem fazer no navio. Mandem-me duas ou três cartas
seguidas.
Adeus,
adeus.
O filho
Paolo Rossato.
As cartas revelam os mais variados aspectos e elementos concernentes a imigração.
Abandonar a terra natal na Europa, para recomeçar a vida no novo mundo, distante e desconhecido, este foi um fenômeno histórico empreendido por gente comum, que buscava melhores condições de vida. Os caminhos abertos pela história biográfica não requerem necessariamente, documentos originados pelos grandes personagens, seu objeto tem-se mostrado muito rico, seguindo os vestígios de gente comum.
Fonte: Família Rossato
História da Companhia Marítima
Società
Italiana di Transporti Marittimi Raggio & Co., Genoa 1882-1885
Società Italiana di Transporti Marittimi Raggio & Co. foi fundada em 06 de
fevereiro de 1882 por Carlo, Edilio e Armando Raggio e associados em Gênova, com
um capital social de cinco milhões de liras. O principal objetivo era concorrrer
com uma frota de passageiros e de carga a vapor entre a Itália e a América
do Sul.
A família Raggio já estava construindo dois navios a vapor 500 toneladas de
carga, com mais 2.032 toneladasde passageiro e da carga do navio
INIZIATIVA, lançado pela A.
Stephen & Sons de Glasgow em 26 de julho de 1881. Sua viagem
inaugural teve início em 19 de outubro de 1881de Gênova para Montevidéo e
Buenos Aires. Os dosi pequenos vapores de carga e passageirosn PERSEVERO e
PERTUSOLA, após concluídos, foram vendidos para a Navigazione Generale Italiana
( NGI ) em 1881.
As ordens eram logo colocadas na Grã-Bretanha por sete navios irmãos do
INIZIATIVA. eles eram de vapor único parafuso, cujo composto motores lhes deu
uma velocidade de 10 nós, sendo fornecido alojamentovpara 24 passageiros em
Primeira Classe, 24 em Segunda Classe e 1.000 em Terceira
Classe.
Empresa Construtora do Vapor SCRIVIA
Raylton
Dixon & Co.
O primeiro a ser concluído foi um produto de Raylton
Dixon & Co.,
o SCRIVIA,
que partiu de Gênova para Buenos Aires, em 11 de dezembro de 1882, seguido pelo
POLCEVERA, de Blackwood & Gordon de
Port Glasgow, em 16 de março de 1883, seguido pelo LETIMBRO também do Blackwood & Gordon de Port Glasgow.
Seguinte novato Raggio foi outro produto Blackwood & Gordon, o STURA. Ela abriu sua carreira com
quatro viagens do Clyde or Cardiff para Gênova com carvão, depois de uma
viagem de Cardiff para Gênova com carvão e, depois da viagem de Cardiff para
Bombaim via canal de Suez, mais três viagens de Cardiff para Gênova ou Nápoles
com carvão e, finalmente, o primeiro navio em 16 de Dezembro de 1884 de Gênova
para Buenos Aires. O ENTELLA também da Blackwood & Gordon followed in
1883. As duas unidades finais da série foram os BORMIDA e BISAGNO
da Burrell & Sons of Dumbarton.
O navio SIRIO com 4.141 toneladas foi lançado pelo Napier de Glasgow, em 24 de março de
1883. Ele partiu em 19 de junho de Gênova, chegou no dia 27, sua viagem
inaugural a partir daquele porto em 15 de Julho de Montevidéu e Buenos Aires.
Seus motores de três cilindros compostos dando-lhe uma velocidade de 13 nós.
Suas acomodações de primeira classe, como ainda eram habituais no Atlântico Sul
na época, estava situado à popa. A segunda classe consistia de 40 camas e
que também acomodava 1.200 passageiros de terceira classe.
O comissionamento do SIRIO coincidiu com um acordo entre Raggio &
Co. e da Societa Rocco Piaggio
de realizar a linha em comum de Nápoles e Gênova para o River Plate,
partidas a ser quinzenal. Rocco Piaggio forneceu o Umberto I e a
L'ITALIA, enquanto Raggio forneceu o SIRIO com 4.150 toneladas,
cuja viagem inaugural começou simultaneamente com o início do contrato. Dois
navios irmãos deste último, o Orione e Perseo, seguido no início
de 1884 e, finalmente, a Piaggio Rocco com o Vapor REGINA MARGHERITA.
Dois navios irmãos do SIRIO em seguida, foi o navio a vela
ORIONE de Gênova, em 15 de janeiro de 1884 e Perseo, em 15 de
fevereiro. Uma chamada foi feita para o exterior em Las Palmas para o Rio da
Prata, Montevidéo chegou a estar em 21 dias a partir de Gênova. De Buenos Aires,
as chamadas foram feitas em Montevidéo, no Rio de Janeiro e
Cádiz.
A construção dos navios SIRIO, ORIONE e PERSEO, logo após a
conclusão dos sete navios menores, eram demasiados ambiciosos e a Società Italiana di Transporti Marittimi
Raggio & Co., que foi incapaz de continuar. Quando a Navigazione Generale Italiana - NGI
começou com um serviço para a América do Sul, em novembro de 1884, que criou uma
oportunidade para Riaggio & Co., para vender os seus onze navios em janeiro
de 1885 a NGI – Societa Italiana di Tranzporti Maitimi Raggio & Co, que
entrou em liquidação em 1885.
Nenhum comentário:
Postar um comentário