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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

COLÔNIAS ITALIANAS NO RS




 Itália e o Imperador Dom Pedro II 


      No outro lado do Oceano Atlântico, D. Pedro II, Imperador do Brasil, começa a preparar o país para a Abolição da Escravatura. Em 1871, ele criaria a Lei do Ventre Livre, a qual determinava que filhos de escravos nasceriam livres. Em 1885, promulgaria a Lei dos Sexagenários, que libertava escravos que atingissem 60 anos, Para que esse plano fosse concretizado, o imperador tinha que colocar no mercado, mão-de-obra para substituir a escrava. Com o término da Guerra contra o Paraguai, o Imperador decide abrir as portas do país à imigração, colocando, desse maneira, seu plano em prática.


Família de Dom Pedro II, Imperador do Brasil.
Da esquerda para a direita: Conde D'Eu (genro),
Dom Pedro II, Teresa (esposa) e Isabel (filha).

Em meados de 1865 o Imperador D. Pedro II, em visita à Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, constata a baixa densidade demográfica da região e toma a iniciativa de colonizá-la. Abrir as portas do Brasil à imigração, resolveria dois problemas:

  • Ocupação das terras, que impediria futuras invasões pelos países do Prata;
  • Substituição da mão-de-obra escrava pela do imigrante, nas regiões mais desenvolvidas, aonde o trabalho dependia exclusivamente de escravos.

A opção pelo povo italiano, terra natal de sua esposa Tereza Cristina (Nápoles), prendia-se ao fato das péssimas condições em que eles viviam fruto dos conflitos internos gerados pela campanha da unificação italiana.

O Imperador envia à Itália, propagandistas encarregados de aliciar  colonos. A notícia de que havia terras e trabalho para todos começou a espalhar-se nos campos italianos, e, de forma exagerada, com vantagens oferecidas como: contrato de trabalho vantajosos, oportunidades de serem donos dos lotes, passagem para o Brasil. Vantagens que, na verdade, nem todas correspondiam à realidade.




Brasil Imperial


Em 1870, D, Pedro II, junto com o Governo da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, deu início à demarcação de lotes coloniais que dariam origem às Colônias Dona Isabel (Bento Gonçalves) e Conde D'Eu (Garibaldi). Para isso, firmou contratos com empresas que se encarregariam de trazer os imigrantes da Itália e administrariam a alocação dos colonos aos lotes. Passados 5 anos sem a eficiência esperada desses contratos, o Governo Imperial cancelou-os e passou a autoadministrar a imigração.

Em 1875, funda uma nova colônia denominada "Fundos de Nova Palmira", no Campo dos Bugres, que dois anos depois, passou a chamar-se Colônia Caxias. Em maio do mesmo ano, chegaram os primeiros imigrantes que foram, inicialmente, instalados em um barracão na localidade de Nova Milano, hoje, Município de Farroupilha.

Como a serra gaúcha, a nordeste, já estava toda ocupada pelos imigrantes italianos, vindos principalmente do Vale Vêneto, em 1878, o Imperador D. Pedro II criou a IV Colônia Imperial de Imigração Italiana no centro da Província. Foram destinadas terras devolutas existentes no Município de Santa maria da Boca do Monte, estendendo-se até os altos da Serra de São Martinho. O núcleo da colônia situava-se aonde é hoje a cidade de Silveira Martins.


MAPA DAS COLÔNIAS 


     Para os interessados em ver e conhecer os mapas das colônias, estamos disponibilizando o endereço do Arquivo Municipal de Caxias do Sul, o qual mantém um belo acervo da forma e distribuição dos lotes rurais e urbanos ara os imigrantes em fins do século oitocentista.

Para ver clica aqui: Mapa das Colônias


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1 - 1870: Colônia Conde D'Eu e atual Garibaldi 




Conde D'Eu
Luís Filipe Maria Fernando Gastão
(1842-1922)
       O núcleo surge por ato de 24 de maio de 1870. Na data o presidente, Dr. João Sertório, cria as colônias Conde D'Eu e Dona Isabel, inaugurando um novo momento no processo de colonização e economia no estado do Rio Grande do Sul. Garibaldi intitula-se, inicialmente, Colônia Conde D'Eu, denominada assim em homenagem ao genro do imperador, casado com a Princesa Isabel.

            As duas colônias possuíam 32 dua léguas quadradas de terras devolutas. Era necessário proceder o povoamento. A região não oferecia atrativos, pois suas terras eram acidentadas. Seria necessário investir na infra-estrutura para povoá-la. Mas como o governo não estava disposto a tanto, buscou outros recursos para torná-la habitável e cultivável. Estendeu seu foco para além do que o horizonte podia enxergar e encontrou a solução: povoar a região com europeus habituados ao mesmo clima do sul, ao frio e às dificuldades do terreno para o cultivo agrícola.

       A colonização da Colônia Conde D'Eu, aconteceu no final da fase imperial. Os primeiros imigrantes chegaram em 09 de julho de 1870 e eram todos prussianos (alemães).

     Já naquela fase, encontravam-se aqui estabelecidas algumas famílias de nacionais, indígenas ou bugres, como comumente eram identificados. Durante esse período de colonização, os alemães somente desenvolveram uma agricultura de subsistência, devido à quase inexistência de estradas que pudessem servir para o escoamento de sua produção agrícola e manufatureira.

     Na época, a única estrada existente, e em péssimas condições, ligava Montenegro a Conde D'Eu, passando por Maratá. Foi por essa estrada que, a partir de 1874 e 1875, começaram a chegar novas levas de imigrantes suíços, italianos, franceses, austríacos e poloneses.

    O contato para a vinda desses povoadores foi feito por agentes que, através de uma campanha de aliciamento, promoveram a vinda de um contingente de europeus. Também não havia necessidade de se pensar em estratagemas complexos, era apenas necessário compreender a situação do povo diante das guerras que aconteciam na Europa, para a Unificação da Alemanha, a agitação política para estabelecer a Unidade Italiana e as lutas na Áustria e Polônia, trazendo de roldão a falta de trabalho nos campos e o empobrecimento das regiões urbana e rural.

    No entanto, o maior número de imigrantes era proveniente da Itália. A Colônia Conde D'Eu foi o primeiro núcleo de colonização na região serrana do Rio Grande do Sul. A população da Colônia, que em 1875 era de 720 habitantes, atingiu o número de 870 pessoas em 1876.

   


A oferta brasileira vinha ao encontro das expectativas dos imigrantes europeus, pois acreditando que o quadro de miséria vivido na Europa ficaria no porto, o imigrante "encheu sua bagagem de sonhos, fechou-a com esperança e coragem e partiu, como um peregrino, em busca de um caminho que re-significasse sua vida" (MARINA, 2004, inédito).

       Do embarque na Itália, até a chegada nas terras do Sul, as histórias relatadas pelos imigrantes falam, no entanto, de desemparo, de exploração, de muito sacrifício. Novos estudos apontam, que o maior sofrimento estava ligado à saudade da terra e à incerteza do novo. O fato é que foi necessário muito trabalho para que os imigrantes transformassem esta região em colônias e, consequentemente, em cidades.

      Nos primeiros tempos foi na religião, na reza do terço, que o habitante renovou seu vigor e encontrou alento para enfrentar a saudade de sua pátria e buscar o convívio com outras famílias.

    Foi a partir de 1890, com a Colônia já estabelecida, que as casas, os prédios, que hoje compõem o Centro Histórico, foram construídos.


Mapa da Colônia Conde D'Eu.

     Em 31 de outubro de 1900, o governo eleva Conde D'Eu à condição de município, que passa a chamar-se de Garibaldi, em homenagem ao italiano Giuseppe Garibaldi, que participou da Revolução Farroupilha e é considerado "herói dos dois mundos".

    Já no início de 1900, houve um novo fluxo de imigração, com a chegada de famílias sírio-libanesas, que desenvolveram o aspecto comercial do centro da cidade.

   O tropeirismo também teve importância fundamental no desenvolvimento de Garibaldi, pois uma das principais rotas birivas do Rio Grande do Sul foi a Estrada Buarque de Macedo, que ligava Lagoa Vermelha a Montenegro. Grandes casas comerciais e hotéis se desenvolveram ao largo dessa estrada, com paradouro também para os animais, bem como a criação da Alfândega (que hoje denomina um bairro), onde eram fiscalizados as tropas ou produtos comercializados. Muitos tropeiros já eram recebidos aqui como membros da família, e se habituaram ao modo de vida dos colonos, acabando por fazer de Garibaldi não só seu ponto de passagem, mas também sua moradia.

    Ainda hoje, a quase totalidade dos habitantes do município é descendente dessas levas de imigrantes, o que faz com que Garibaldi desenvolvesse alguns aspectos peculiares, em parte por essa mescla e pelos imigrantes com suas respectivas culturas.


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2 - 1870: Colônia Dona Isabel e atual Bento Gonçalves 


       
     
Princesa Dona Isabel
Isabel Cristina Leopoldina Augusta
Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga

1846-1921
 Em 1875 inicia a imigração italiana na Encosta Superior do Nordeste, originando as Colônias de Dona Isabel (hoje município de Bento Gonçalves), Conde D'Eu (hoje Garibaldi) e Nova Palmira (hoje Caxias do Sul).


        A Colônia Dona Isabel, criada em 1870, já era conhecida como Região da Cruzinha, devido a uma cruz rústica, cravada sobre a sepultura de um possível tropeiro ou traçador de lotes coloniais. Era época de escambo, da troca de mercadoria por mercadoria. 

    A Colônia Dona Isabel sediava um pequeno comércio no qual os tropeiros faziam paradas para descanso.

      Em 24 de dezembro de 1875, os núcleos do Planalto começaram a receber novos imigrantes. Em março de 1876, o Presidente do Estado José Antonio de Azevedo Castro anunciava a existência de 348 lotes medidos e demarcados e uma população de 790 pessoas, sendo 729 italianos. Simultaneamente pioneiros do Tirol Austríaco e Vêneto chegaram à esplanada onde hoje está situada a Igreja Matriz Cristo Rei.




Mapa da Colônia Dona Isabel - Bento Gonçalves - RS.
             

             Ao chegarem à colônia os imigrantes eram recebidos por uma Comissão de Terras que deixava a desejar. Os imigrantes eram alojados em barracões e se alimentavam de caça, pesca, frutos silvestres e do pouco que era fornecido pelo governo até se instalarem em seus lotes rurais. Ao se instalarem, iniciavam uma agricultura de subsistência representada pelo cultivo de milho, trigo e videira.

        As primeiras indústrias artesanais, com características domésticas e utilização somente de mão-de-obra familiar, assim como o comércio de troca e venda de produtos, surgiram com a produção de excedentes agrícolas e com a criação de animais. A troca, compra e venda de produtos era feita na sede da colônia, após longas caminhadas por estritas picadas (trilhas abertas na mata), demarcadas pelos próprios imigrantes.


Fonte: http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/a-cidade/historico



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3 - 1875: Colônia Nova Palmira e atual Caxias do Sul




       
Barracão dos Imigrantes da Colônia Caxias:
local onde os imigrantes aguardavam
até seu deslocamento para os lotes.
Após abem sucedida experiência de colonização alemã no Rio Grande do Sul, iniciada em 1824, nos vales do Sinos e Caí, o governo imperial brasileiro iniciou um processo semelhante com imigrantes de origem italiana, em 1875.

Nesse ano, começaram a chegar, na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, as primeiras famílias de imigrantes italianos. Na sua maioria oriundos da região do Vêneto. Dessa região, na qual se localiza a cidade de Veneza, veio cerca de 54% do total dos italianos desembarcados no Estado.

         Nessa época o Rio Grande do Sul já contava com uma população de aproximadamente 400 mil habitantes e o governo provincial, aproveitando a doação de terras, de acordo com a lei imperial de 1848 (que permitia a apropriação pelo governo de terras que haviam sido concedidas a alguém mas não eram aproveitadas), iniciou-se uma nova política imigratória. Desta vez, promovida pelo governo provincial.

                 O Rio Grande do Sul, sendo a primeira província a fundar colônias com fundos próprios, pode assim administrá-las por conta própria.

                Em 1875 iniciou a criação de quatro núcleos destinados ao assentamento desses primeiros colonos imigrantes italianos.

              O local escolhido foi a região da Serra Gaúcha que, naquela época era totalmente selvagem


                Localidades como São Vendelino, Alto Feliz e Nova Palmira eram pontos avançados da civilização, além dos quais o que havia era mata virgem, povoada por onças e índios selvagens. Por isso o empreendimento foi conhecido, inicialmente, como Colônia Fundos de Nova Palmira. Mais tarde, passando a ser denominada de Colônia Caxias.


Caxias do Sul e atual
Avenida Júlio de Castilhos.
O local que atraiu maior número de colonos foi o da atual cidade de Caxias do Sul e suas imediações. Como não havia moradores por ali, também não havia um nome estabelecido para aquela região. A localidade povoada que ficava mais perto da atual Caxias do Sul era Nova Palmira. Local que ainda existe hoje e é uma pequena povoação pertencente ao município de Caxias do Sul. Ela está situada junto à rodovia RS-452, rodovia asfaltada que passa pelas cidades de Feliz e Vale Real.


Nova Palmira fica junto ao rio Caí e ao início da estrada do imigrante (que não é asfaltada e foi implantada no vale do Arroio Belo). Seguindo-se por essa estrada, chega-se até a cidade de Caxias, seguindo o mesmo trajeto feito pelos imigrantes no século XIX e início do século XX.


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4 - 1877: Colônia denominada de Quarta Colônia


       A Quarta Colônia de Imigração italiana é a região localizada no Rio Grande do Sul, na Mesorregião do Centro Oriental Rio-grandense, que foi o quarto centro de colonização italiana e o primeiro fora da Serra Gaúcha na então Província do Rio Grande do Sul.

    Próxima ao município de Santa Maria, engloba os atuais municípios de Silveira Martins, Ivorá, Faxinal do Soturno, Dona Francisca, Nova Palma, Pinhal Grande e São João do Polêsine, além de partes dos municípios de Agudo, Itaara e Restinga Sêca.

      
Mapa da Quarta Colônia

     O nome da região foi definido por ser a quarta área de assentamento para todos os imigrantes italianos que vieram para o Rio Grande do Sul no final do século XIX, apenas depois de Caxias do Sul (com a denominação antiga de Campos dos Bugres), Bento Gonçalves (denominado de Dona Isabel), e Garibaldi (denominado de Conde D'Eu), e a primeira fora da Serra Gaúcha.

      O local escolhido ficava distante dos demais núcleos de imigração italiana, mas favorecido pelas boas condições da região, que permitia o uso nos cultivos da uva e fumo. 

       Foi criada em 1877 e recebeu o nome de Colônia Silveira Martins, homenagem ao senador do Império do Brasil e Presidente da Província do Rio Grande do Sul, Gaspar da Silveira Martins, que defendia o processo de imigração italiana para a Província. Foi composto inicialmente por 70 famílias que subiram o Rio Jacuí até Rio Pardo, percorrendo o restante do caminho em carros de boi ou carroças.

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4 - 1884: Colônia Alfredo Chaves e atual Veranópolis



          O chefe da Comissão Colonizadora a Colônia de Alfredo Chaves foi o engenheiro Júlio da Silva Oliveira a quem coube as façanhas de demarcar os lotes, assentar os primeiros imigrantes e projetar a cidade com suas largas avenidas e ruas. Ainda em1885 a colônia já contava com 778 colonos e logo após mais 2.237 foram estabelecidos.

      Os imigrantes eram dominantemente italianos provindos das regiões de Veneto (Vicença, Pádua, Beluno, Treviso e Verona) e da Lombardia ( Cremona, Bérgamo, Milão e Mantova). O fluxo imigratório, iniciado em 1885, perdurou até 1897, sendo que em 1886 entraram no estado do Rio do Grande do Sul 2.500 imigrantes, a maior parte destinada a Colônia de Alfredo Chaves. Além de italianos, imigraram também para Alfredo Chaves muitos poloneses. 

         As viagens dos colonos rumo a Colônia foram muito dificultosas. A começar pela  travessia do oceano em navios de péssimas condições de conforto e higiene. A travessia do rio das Antas era feita em balsas ou canoas, não raramente em situações bastante perigosas. Os caminhos, floresta adentro, também eram muito penosos. 

          A medida que os lotes eram ocupados, foram surgindo os primeiros povoados, como Lageadinho, Monte Bérico, Monte Vêneto, Bela Vista. 

        Cada colono adquiria do Governo uma colônia a ser paga em dois anos, com muito trabalho e sacrifício. As vezes esta prazo não era suficiente. 

          Plantavam-se roças, construíam-se toscas habitações, montavam-se moinhos. 

          Os imigrantes eram agricultores, artesãos, marceneiros, ferreiros, alfaiates. 

          Em 15 de agosto de 1888 foi inaugurada a primeira Igreja Matriz no centro da cidade.

História de Veranópolis, clica aqui: Formação administrativa da Colônia Alfredo Chaves.


Fonte: https://sites.google.com/site/veranopolisrs/9---sintese-da-historia





ORIGEM DO SOBRENOME E BRASÃO

                               

          

            O sobrenome BALDISSERA veio de Baldassare, de vocábulos assírios e babilônicos que formam o nome Bel-shar-uzzur, que significa "Deus protege o rei", que foi introduzido na Bíblia hebraica como Beltshazzar.

       Latinizado em Baltassar, difunde-se nos ambientes cristãos, porque a tradição atribuía este nome a um dos três Magos que foram adorar Jesus recém-nascido na gruta de Belém.

           No italiano arcaico se fixa com variadas formas, como se pode observar a seguir. Trata-se de um patronímico que recorda o nome do ancestral fundador deste tronco familiar e indica filiação.




  • Baldassar - forma reduzida de Baldassare
  • Baldassari - forma plural de Baldassare
  • Baldassarini - de Baldassare, com o sufixo plural ini
  • Baldassarra - variação de Baldassare
  • Baldassarre - variação de Baldassare
  • Baldassarri - forma plural de Baldassarre
  • Baldassera - variação de Baldassare
  • Baldasserini - de Baldassera com o sufixo plural ini
  • Baldasseroni - de Baldassera com a desinência plural oni
  • Baldessare - variação de Baldassare
  • Baldessari - forma plural de Baldessare
  • Baldissar - variação de Baldassar
  • Baldissara - variação de Baldassare
  • Baldissarini - de Baldissara com o sufixo plural ini
  • Baldissarri - forma plural de Baldissarro
  • Baldissarro - variação de Baldissare
  • BALDISSERA - variação de Baldassare
  • Baldisseri - variação de Baldassari
  • Baldisserotti - de BALDISSERA com sufixo plural otti


Do ''DICIONÁRIO DOS SOBRENOMES ITALIANOS", I Volume, de Ciro Mioranza.


ORIGEM DO BRASÃO




Prateado na parte
inferior, com a águia em
vermelho, a cabeça em
azul, encimada de uma
estrela (pequena coroa)
dourada de seis pontas;
a parte superior em preto,
enfeitada com três 
estrelas douradas





BALDISSERA CONDES



     As primeiras notícias remontam a Stefano, natural de Bagnasco, tendo-se estabelecido em Bra, onde faleceu em 1564. 

      Seu neto, também de nome Stefano, Conselheiro de Bra (15 de dezembro de 1733), foi pai de Paulo, nascido em 1715 e falecido em 25 de janeiro de 1786, investido em Serralunga com o título de conde, em 16 de dezembro de 1774.      

      O filho dele, Giovanni Tommaso (1745-1803), foi o último investido da dignidade de conde com Patentes, em 16 de julho de 1786.

       A presença do emblema na bibliografia documentada da família nos confirma a hereditária nobreza alcançada da família. 

           De fato, a origem do emblema remonta, aproximadamente, ao século XIV e deve ser pesquisada naqueles ditos argutos que vinham escritos sobre os estandartes ou bandeiras dos cavaleiros, expostas nas janelas das estalagens nas quais estes se alojavam, por ocasião dos torneios e durante os próprios torneios.



           Um lema da família: "Lumine tuto" = "Protegido pela luz".

         
     Outro ramo, antiga e ilustre família originária de Alexandria. Os seus representantes foram agraciados com o título de condes de Robecco. 


         Outro ramo, originário de Lerici, Giambattista, Bispo de Nebbio, em 1579.

Inscrita no LIVRO DE OURO, na metade do século XVII.



Bibliografia consultada: "Stemmi di Famiglie Alessandrine" ("Brasões de Famílias Alexandrinas"), de Umberto De Ferrari Di Brignano e outro. Pesquisa histórico-heráldica feita respeitando a Lei 633/41.

*A presente pesquisa não constitui atribuição do título nobiliárquico e não garante relações de parentesco entre sobrenomes homônimos.

Tradução de Rafael Baldissera (1929-2008).


HOMENAGEM A RAFAEL BALDISERA

Conheça nosso PATRONO!

O Professor Rafael Baldissera foi grande estudioso e dedicado historiador da imigração italiana, deixando sua marca entre todos nós descendentes de Baldissera.


A EMIGRAÇÃO ITALIANA


POR QUE OS COLONOS ITALIANOS 
FUGIRAM PARA O BRASIL E OUTROS PAÍSES



         A Itália, em 1887, passava por grandes dificuldades; teve que vender tudo o que era possível vender: terras do Estado, bens eclesiásticos, linhas férreas, a Régia dos Tabacos. E sobrecarregou o povo com taxas desumanas. Havia falta de escolas, de estradas, de hospitais, de água tratada e de saneamento básico.

         A malária matava 40.000 pessoas por ano; a pelagra, 100.000. Entre 1884 e 87 o cólera tinha matado 55.000 pessoas. As estatísticas falam em 400.000 mortes por ano. Metade eram crianças com menos de cinco anos, porque a comida era escassa, a higiene quase nula e a consulta médica a um preço proibitivo.






        
        Dos 3.672 trabalhadores nas minas sicilianas de enxofre, só 203 foram declarados sãos e aptos para o serviço militar. O resto era tudo doente.

          Dos 30.000.000 de habitantes, 21.000.000 eram colonos. O arado era ainda aquele de prego, o mesmo usado por Cincinato, 2.000 anos antes. Entretanto, a Inglaterra, a França e a Alemanha já haviam ingressado na era industrial. A Itália parecia um País de miseráveis analfabetos. Só o Piemonte e a planície do Pó demonstravam um pouco de progresso agrícola.

         Não havia dinheiro para comprar remédios e as roupas se enchiam de remendos superpostos; os doentes eram colocados em manjedoura por falta de leitos hospitalares, e o porco vivia dentro de casa como um da família. A venda de crianças como mercadoria era um costume muito difundido, tanto no Sul como no Norte da Itália.

        Centenas de milhares de italianos viviam ainda em grutas ou cabanas de pau a pique e barro, sem janelas, ou em escavações feitas na rocha. Segundo dados de 1879, aí viviam na média 10 pessoas por vão
.
           No Norte, os colonos comiam carne somente uma vez por mês; no Sul, uma vez por ano. No Norte, comiam exclusivamente milho, porque era mais barato e alimentava mais. Os trabalhadores braçais comiam quase só pão preto de cevada, feito somente duas ou três vezes por ano. E sobre esse pedaço de pão, escasso e duro como uma pedra, foi imposta uma taxa, que causou revoltas sangrentas na Sicília e ao longo do Pó.

          Em 1861, somente 600.000 podiam votar: eram aqueles que tinham um patrimônio ou uma renda. Eram os "Signori". E só os abastados podiam ser votados. Portanto, o povo comum não tinha representantes no Congresso. Os colonos não tinham propriedades; viviam do trabalho escravo.

       As massas populares não eram consideradas povo. Quando se falava em "povo", entendia-se a burguesia: os funcionários, os comerciantes, os advogados, os médicos, etc. Os outros (e eram os quatro quintos) não contavam nada. Os cargos políticos eram impostos pelo Rei.

       Com essa situação, com as autoridades insensíveis às necessidades das massas populares, começaram os primeiros movimentos emigratórios. Os colonos fugiam de um País ingrato, que nunca foi sua verdadeira Pátria.

          Só então foi concedido a todos os italianos o direito de votar, mesmo àqueles que já tivessem emigrado para outros países. E entre os que ficaram, afinal o Governo começou a erradicar o analfabetismo. E para facilitar esta tarefa, introduziu entre o povo leituras amenas, como "As Aventuras de Pinóquio".

         Em 1861, sobre os 26.000.000 de habitantes, apenas 600.000 falavam o italiano. Em 1886, sobre 100 italianos, pelo menos 70 ainda assinavam o nome com uma cruz. Nas escolas se usava o dialeto. O próprio Rei era fraco na língua italiana. Cada Região falava o seu dialeto. Faltava uma língua comum. Finalmente, ficou decidido que a língua oficial seria o toscano, porque foi a língua usada por Dante Aleghieri, quando escreveu "A Divina Comédia", obra-prima da literatura italiana. Assim, todos tiveram que aprendê-la. Mas os emigrantes eram considerados "miserabili analfabeti".

         Não era só a pobreza e o analfabetismo, mas também o problema da cultura. Os burgueses sempre ignoraram os humildes, que para não morrerem de fome, foram obrigados a fugir, a emigrar.

       Em 1850, sobre 1.800 Comunas do Reino de Nápoles, 1.500 não tinham estradas. Em muitas regiões, não sabiam o que era o dinheiro; as trocas se faziam em natura, como no tempo de Cícero. "Il sostentamento di un bracciante costa meno di quello di un asino." O sustento de um trabalhador braçal custa menos do que o de um burro.

           As terras pertenciam a quem não tinha amor ao campo; quem trabalhava os campos era um servo, o descendente dos escravos. Havia grandes propriedades burguesas, conseguidas pelos "notabili" através da usurpação e da aquisição de terras tiradas da Igreja. Nessas propriedades os colonos eram explorados; não tinham nenhum vínculo com a terra. Por isso, havia uma vontade terrível de terra, não somente de possuí-la, mas de sair do nada, de conquistar uma dignidade. Foi assim que acolheram com entusiasmo a Giuseppe Garibaldi, porque esperavam a distribuição das terras e se atiraram com fúria sobre as propriedades dos "galantuomini", latifundiários, mas foram barrados e espancados.

           Entre 1860 e 1865 houve revoltas e massacres no Sul da Itália; muitos bispos foram expulsos ou presos. Aqui começa o período da longa emigração.



           A Sicília, no final de 1798, era uma nação a parte. Lá ainda estava em voga o feudalismo. Dois terços da população vivia na miséria: não tinha direito a nada. Um terço era constituído dos "nobili", que tinham todas as terras em suas mãos. Eram 142 príncipes, 788 marqueses, 1500 entre duques e barões. Os habitantes eram os servos da gleba: nela trabalhavam gratuitamente. Fora do feudo não havia outras terras disponíveis. Se o colono quisesse viver, era obrigado a sofrer em silêncio. Para fugir dessa escravidão, só lhe restava a emigração. A viagem para a América será a sua liberdade.

    Alguns repetiam: "Sarà quel che sarà. Peggio del presente non sarà. Tentiamo la sorte. E poiché abbiamo, presto o tardi, da morire, tanto vale di lasciare la nostra pelle in America come in Europa... Viva l`America! Morte ai signori!... Noi andiamo in Brasile. Ora toccherà ai padroni lavorare la terra."



         Apesar dessas exclamações, o êxodo se desenvolve em clima pacífico. Geralmente, o padre da localidade os acompanha para assisti-los, porque o Governo nada faz para protegê-los. Às vezes, os emigrantes eram obrigados a esperar vários dias no porto a chegada do navio.



          A travessia do Atlântico, em velhos navios, era dramática. Vejamos: 



. No navio "Carlo Raggio" 34 emigrantes morreram de fome.

. No navio "Matteo Bruzzo" 18 passageiros morreram de fome.

. No navio "Frisca" 27 passageiros, amontoados de modo incrível, morreram asfixiados.

. No navio "Pará" 39 morreram de sarampo.



          O Governo Italiano era anticlerical: matou padres, fechou seminários, confiscou seus bens. O povo, por ser religioso, preferiu ficar do lado da Igreja. Por isso, a pedido da mesma, ficou 50 anos sem acorrer às eleições. Assim, os emigrantes não receberam nenhuma ajuda do Estado.

           No Brasil, os emigrantes se dirigiram para os Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) e os Estados do Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo). Aqui fundaram pedaços da Itália: Nova Roma, Nova Vicenza, Nova Veneza, Nova Trento, Novo Treviso, Nova Pádua, Nova Údine, Vale Vêneto, etc. Mas onde se deram melhor foi nos Estados do Sul.

        Grandes levas dirigiram-se também para a Argentina, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, México, Austrália e principais países da Europa. Mas de chegada sofreram muito. No Paraná foram colocados no litoral (Antonina), onde tiveram que conviver com a malária e muito calor. Alguns morreram, outros, desenganados com o "Paese della Cucagna", voltaram para a Itália; os que ficaram subiram a Serra do Mar e se localizaram em Curitiba, no Bairro de Santa Felicidade, hoje o mais próspero e sofisticado Centro Gastronômico do País.

         Graças à vontade férrea, a maioria venceu na vida e se tornou proprietário, alguns bem abastados. "Dove lo Stato era fallito, gli straccioni erano riusciti" (Manzotti). "Onde o Estado faliu, os maltrapilhos tiveram sucesso."

          Alertada por Scalabrini, bispo de Piacenza, a Igreja viu a necessidade de proteger os emigrantes e dar-lhes assistência religiosa. O próprio Scalabrini fundou uma Ordem Eclesiástica para formar padres que atendessem a esses coitados, abandonados à própria sorte. Depois de formados, os enviou a todos os Países onde houvesse emigrantes. São chamados Padres Scalabrinianos, que ainda hoje os há pelo Brasil e pelas diversas partes do mundo.

              Scalabrini tornou-se o bispo querido dos emigrantes: dedicou toda a sua vida na defesa deles. Na Itália, lutou durante 30 anos para que o Governo fizesse leis justas que os amparassem, leis que saíram somente em 1901.

          O bispo de Piacenza quis verificar in loco a situação dos emigrantes nos diversos países. Foi aos Estados Unidos, onde foi recebido pelo Presidente Roosevelt. Em 1904 veio ao Brasil. Visitou São Paulo, percorreu algumas fazendas de café, onde trabalhavam os emigrantes em lugar dos escravos negros, que foram libertados pela "Lei Áurea". Inaugurou escolas, hospitais e orfanatos. Depois veio ao Paraná: visitou Santa Felicidade; achou bonita a igreja. De Curitiba, foi até Ponta Grossa, "l`ultimo confine della civiltà; il resto è tutto bosco; all`interno vivono gli indiani, nello stato selvaggio, discendenti della popolazione che i Gesuiti, nel 1700, avevano convertito."

           Terminada a visita ao Paraná, vai a Santa Catarina e Rio Grande do Sul: aqui visita Encantado, Veranópolis, Garibaldi, Caxias do Sul, "la prima e la piú civile delle colonie italiane". Em toda parte, o bispo Scalabrini era sempre esperado com festa, muita alegria e muito carinho. Todas essas andanças eram feitas no lombo do cavalo e já doente.

         De volta a Piacenza, faleceu como um santo, em 1905, quando o Papa Pio X cogitava em sagrá-lo Cardeal, e já era visto como o futuro Papa.

         Em 1935, começou o processo de sua beatificação.

        Os emigrantes italianos, com sua saída, permitiram o progresso da Itália, diminuindo a população e fazendo sobrar alimento para os que ficaram. Mas, os coitados, indiretamente expulsos da Pátria, e recomeçando sua vida no meio do mato e entre animais ferozes, e com falta de tudo, ainda enviavam tanto dinheiro aos parentes no "Paese" de origem, que o Ministro das Finanças da Itália considerou essas remessas um "ruscello d`oro", um filete de ouro. Porém, a Itália só ultimamente começou a se interessar por seus filhos "all`estero" (no estrangeiro), calculados em 20.000.000, a maioria vivendo no Brasil.

           Esta é a triste história da emigração italiana, "una storia dimenticata", uma história esquecida do Governo Italiano. Os descendentes desses emigrantes devem dar muito valor à luta de seus antepassados.

Traduzido e resumido por Rafael Baldissera do livro "STORIA DIMENTICATA'' do escritor italiano Deliso Villa, que pode ser encontrado em:
SAGRA - DC LUZZATO
Rua João Alfredo, 448
Cidade Baixa
90050-230
Porto Alegre-RS

GENEALOGIA BALDISSERA


Bem-vindos! Baldissera.

Nesta publicação você encontra em ordem cronológica nossos imigrantes italianos a partir do século dezenove, considerando sua origem na Itália e o destino que tomaram no Brasil.

Esta obra é fruto de muitas pesquisas e dedicação, deste e daqueles que nos antecederam, portanto, sempre é bem-vinda novas informações por parte dos familiares próximos de cada grupo, e, assim, preservando a história e o legado de nossos antepassados. Entre em contato, será um prazer falar com você.


Atenciosamente,


Gilmar Baldissera

São Miguel do Oeste - SC
Endereço: gilmarbaldissera@hotmail.com



HISTÓRICO DO GRUPO 15

HISTÓRICO DA FAMÍLIA BALDISSERA


 "BENDITO SEJA DEUS E PAI DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO – exclamo com o Apóstolo São Paulo  - que por seu Santo Espírito, reúne pela IVª vez, A 

DESCENDÊNCIA BALDISSERA AMERICANA.


A Descendência do grupo 15, genealogia de  LUIGI BALDISSERA (filho de Pietro e Santa Londero), casado com LUCIA MARINI (filha de Giacomo e Domenica Ártico), ele de 16/10/1844, ela de 17/10/1840. Ambos de GEMONA DEL FRIULI, Província de Ùdine.

Ainda hoje, existem ali  12 famílias Baldissera, com telefone.  Foram por três vezes visitadas pelo Emérito Professor, Ex- Marista  RAFAEL BALDISSERA, que é filho de Luiz Pedro, neto de Pietro e bisneto de LUIGI.

         Este senhor escreveu em Dialeto Vêneto uma História Familiar, que nós queremos complementar com algumas considerações.

 II

          ÙDINE, ou FRIULI, uma das Sete Províncias do Vêneto, é a mais oriental e nórdica, confrontando com a Áustria e Iugoslávia, sofrendo por isso, de palpável influência alemã, que através de séculos, produziu um dialeto diferente dos vários existentes no Vêneto. Contudo, a região era atravessada pela estrada dos Romanos, conservada pela famosa República de Veneza, que nomeava o território Friulano de “ Venezia Giulia” e “Venezia Carneca”, aquela no sopé dos Alpes, esta, dentro da Cordilheira Alpina. Desta maneira, apesar da preponderância do sangue Ariano, os Friulanos não tiveram dúvidas no Plebiscito de 1866 de aderirem à Unificação da “Giovane Itália”.
Gemona del Friuli é uma comuna italiana da região do
 Friuli-Venezia Giulia, província de Udine, com cerca 
de 11.040 habitantes. Estende-se por uma área de 56 km²,
 tendo uma densidade populacional de 197 hab/km².
        
         GEMONA – a cidade dos Baldissera - 25 Km acima de Ùdine – já no meio dos Fraguedos Alpinos, dentro dos velhos muros Romanos, tem um grande Edifício que por herança foi pertencer ao Padre Valentin Baldissera. Doado por ele à Paróquia, o transformou em: “ORFANOTRÓFIO BALDISSERA – MODESTI”, diante do qual  se estende um largo chamado   "PIAZZETTA BALDISSERA”, testemunho evidente da liderança civil e comunitária que os Baldissera tiveram em certa época na antiquíssima cidadezinha, fundada pelos Romanos. Tudo isso e muito mais – tornamos a repetir – vem documentado na supracitada: “ STORIA DEA FAMEIA BALDISSERA” do hoje venerando Professor Rafael. 

III


          O que o Benemérito Professor Rafael e Genealogista Familiar não deu maior relevo foi a situação social e econômica em que viviam os Antepassados naqueles valetões dos Alpes Cárnicos, onde a terra de agricultura era escassa, tornando a sobrevivência das famílias, em geral numerosas, problemática. Foram, assim, obrigados aos famosos “ LAVORI  STAGGIONALI  ALL`ESTERO”, extensivos a toda a Região Cárnica.

           Pequenos ou grandes grupos partiam durante nove meses, de março a outubro, para os países que entravam na ERA INDUSTRIAL EUROPÉIA, como a Áustria, Alemanha, França e outros, em busca de trabalho assalariado, retornando aos lares somente nos 3 meses de inverno. 

             Podemos imaginar, talvez, as descomodidades e implicações que tal ausência trazia às famílias.

           Por outro lado, porém, os Friulanos tomaram conhecimento e aprenderam trabalhos e ofícios como: ferreiro, fundição de metais, mineração, construção de ferrovias, moinhos, abertura de túneis, aterros, pedreiros e outros tantos afazeres que a máquina a vapor veio trazer para a humanidade. Não foram poucos até os que aprenderam de ouvido alguma língua estrangeira.

          Foi neste contexto vivido necessariamente no Friuli, que se firmou a vocação especialíssima  de “Muratore”, que distinguiu e continua ainda na descendência Baldissera. 



IV    

    

          Com este preparo foi que o casal Luigi e Lúcia Baldissera, com seis filhos solteiros, tendo o Primogênito Pietro 20 anos e a mais nova Regina 8 anos, decidiram-se a imigrar. Não eram os primeiros a fazê-lo; outros vizinhos conterrâneos já imigrados escreviam, convidando à aventura.

          Acertaram em família o que vender e o que era possível levar, aconselhados em parte pelos agentes da Marinha, que se encontravam em toda a parte negociando as passagens marítimas. Acertaram com eles a data do embarque, resguardando o tempo necessário para requisitar o passaporte e fazer as despedidas que sabiam ser para sempre. 



V    

    

          Com o trem que descia da Áustria, embarcam em Gemona, que os leva 25 Km abaixo até Ùdine, onde o comboio dobra para Pordenone. Daí para Pádua, alcançando no escurecer  a grande cidade de Milão.
Gemona del Friuli é uma comuna italiana da região do
 Friuli-Venezia Giulia, província de Udine.

          No dia seguinte, com o transbordo noutro trem, que demanda o Sul, desembarcaram no Porto de Gênova: percorreram, assim, 512 quilômetros.

          Junto ao mar estava ancorado o Vapor San Marco, e formigavam no Porto milhares de êxules, vindos de tantos lugares, para embarcar. Fizeram-no em terceira classe, homens separados das mulheres, no tombadilho abaixo do nível da água............

VI 


             A travessia do Mar Mediterrâneo e do Oceano Atlântico demorou até 19/2/1887, quando pisaram novamente terra na ILHA DAS FLORES, donde ao longe se enxergava o Pão de Açúcar do Rio de Janeiro .

           Ali permaneceram durante uma semana até se somar o grupo que iria para o Sul com o vaporzinho de nossa Costeira RIO PARANÀ. Em cinco dias balançando em nosso litoral, os deixou no Porto de Rio Grande. Ali transmudaram-se para Barco Fluvial que Lagoa dos Patos acima os deixou em PORTO ALEGRE.

          No dia seguinte, 3 de Março, retomam outro Batel que Rio Jacuí acima, leva-os à chamada MARGEM  no Rio Taquarí  - ( hoje General Vargas) -  então início da Estrada de Ferro da fronteira. 

          Quarenta quilômetros acima de Cachoeira, desembarcam para atravessar o Jacuí na Ponte de Madeira chamada: PORTEIRA DO RIO GRANDE, visto não existir ainda a Ponte de Ferro.

          Na outra margem retomam o comboio para a ESTAÇÂO COLÔNIA , hoje CAMOBI.   

             Conduções de carretas e montaria do Governo os levam à Praça dos Imigrantes em Silveira Martins, nos Barracões de Chegada, junto à Comissão de Distribuição de Lotes.

          Foram ali informados que as terras disponíveis por perto estavam tomadas. Somente havia em os Núcleos Norte e Soturno, distantes lugares que se estavam medindo em plena serrania da floresta. 

          Mas, Luigi e família, sabendo que seu ofício de Pedreiro exigia estabelecer-se em lugares povoados, compraram terras de particulares na baixada de Vale Vêneto, na LINHA SANTA LÚCIA.  Chegava ao Termo a difícil mudança! 



VII 


             A família ora estabelecida de oito indivíduos eram: o Casal LUIGI e LUCÌA. Três filhos homens: PIETRO, GIÁCOMO e LUIGI FILHO. Mais as três meninas: MARIA, MADALENA e REGINA. 

          Agradeciam a Deus ter chegado sãos e salvos. Feitas as primeiras plantações de subsistência, já ergueram um “ Solaro de Sassi “.

          Com tal família de jovens crescidos, puderam, quatro anos depois, pensar em casamentos. Assim: 

          Em fevereiro e março de 1891, casam Pietro com Thereza Beviláqua e Maria com Carlo Delross.

          Já em 1894 casam mais dois: Giácomo com Luigia Londero e Madalena com Francesco Giuseppe Bolzan. 

          Finalmente em 1898 casam os dois últimos: Luigi Filho com Lúcia Brondani e Regina com Giuseppe Loro. 

         Gostaríamos de aqui perguntar: há neste encontro descendentes, netos ou bisnetos dos casais: Carlos Delross - Francesco Giuseppe Bolzan e Giuseppe Loro????  

VIII

 

          
Bastante cedo, ainda que não muito solicitados no início, os Baldissera puderam se dedicar ao seu trabalho de pedreiro, acontecendo que a 02/06/1900, Luigi, empenhado na construção da igreja de Corpus Christi, sofreu uma queda fatal dos andaimes, com 56 anos de idade. Sua morte ficou na história. Uma placa de bronze relembra esta fatalidade na frente da hoje Matriz de Vale Vêneto. Sua mulher, dona Lúcia, na velhice, acompanhou os descendentes para a Colônia São Miguel, onde faleceu a 04/07/1913.

          Dos descendentes Baldissera – pode-se afirmar – que não há lugares na Quarta Colônia onde não haja construções de alvenaria por eles executadas, em igrejas, capitéis, casas de moradia, salões, armazéns e outros. Sejam descendentes de Giacomo, Luigi Filho e Pietro.

            Pergunto: há aqui neste encontro descendentes, netos ou bisnetos de GIACOMO  e LUIGI FILHO que em boa parte foram habitar a Região de São Miguel????

 

IX 


             Quanto a PIETRO BALDISSERA, o Primogênito, casado com Thereza Beviláqua – (filha de Pietro e Catarina Basso, nascida  a 2/11/1871 em Piavon de Treviso) -  houveram a grande descendência de dezessete filhos.

          Seria por demais longo enumerá-los. Mas o oitavo batizado com o nome de Ângelo Moisés a 15/5/1901, devemos especial referência por ser o tronco dos descendentes que promovem este Quarto Encontro.

          Ângelo casou em Vale Vêneto a 6/10/1920 com a vizinha conterrânea Luiza Virgínia Beviláqua – ( filha de Giuseppe e Luiza Brondani, nascida 25/8/1904) -.

          Tendo seu mano Antônio feito obras  em 1932, reestruturando o Salão da “ SOCIETÀ GIOVANILE “ em  Colégio para a vinda das Irmãs, estas em 1934  empreitaram com  Ângelo  o Segundo Pavilhão que foi acabado em 1/4/1935. 

          A família já tinha cinco filhos: Hilda – Alzira – Cândido – Orivaldino  e Lídia  que vieram morar em aluguel na então Vila de Nova Palma. 

          Já nesta Época, se estruturou a Sociedade Hospitalar Nossa Senhora da Piedade para a construção do Primeiro Hospital, que foi empreitada por Ângelo com um seu ajudante Inocente Vendrusculo.

          Ao Ângelo tocou rabiscar a primeira planta, que executou até ser inaugurada a 8/12/1938. Foi inscrita uma placa de mármore assim:


HOMENAGEM A TODOS OS QUE COOPERARAM PARA EDIFICAR ESTE HOSPITAL 

NOSSA SENHORA DA PIEDADE. 

SERVIRAM DE PADRINHOS NO ATO DA INAUGURAÇÃO: 

RAIMUNDO ALÉSSIO, ÍTALO BERTOLDO E ÂNGELO BALDISSERA.


          Ângelo com sua família era sócio com duas ações que, em 1939, doou ao Hospital, sem reservar quaisquer direitos.

          Estabelecido na Vila, na Rua Siqueira Couto houve mais os filhos: Iraci Tereza – Celestino Gentil – Almiro – Clecí Almira , completando um número de dez filhos. 

         Tocou a uma parte desses organizar este Quarto Encontro, que ora estamos agradecendo a Deus e logo mais trará Conhecimento e Fraternidade à larga descendência Baldissera, que desde 1999 vem promovendo esta iniciativa, que tantas famílias de descendência dos imigrantes, desde 1975 em diante, vêm realizando. 



X
 
          Ângelo Moisés Baldissera faleceu a 23/10/1960 e sua santa esposa a 20/7/1993.  Descansam em nosso campo santo e na lembrança dos novapalmenses. 

          Durante os 26 anos que Ângelo e família se estabeleceram em Nova Palma, construíram dezenas de moradias, capitéis, armazéns, capelas e outros, solidamente construídos.



          Distinguiu-se como continuador o filho CELESTINO BALDISSERA – (que apesar de prematuramente falecido) – ergueu  boa  parte do NOVO HOSPITAL e, num segundo andar da Canônica, o CENTRO DE PESQUISAS GENEALÓGICAS, (CPG), do qual retiramos as notas apresentadas e tantas outras que ficam à disposição de quantos queiram aprofundar as pesquisas e a história familiar dos ancestrais, que, conduzidos pela Providência Divina, vieram colonizar a Quarta Colônia Imperial de Silveira Martins no Rio Grande do Sul. Inesquecíveis Avoengos que hoje, lá do Céu, acompanham e abençoam  este ENCONTRO.  

Toca à Descendência perguntar: Qual a força que sustentou estes Ancestrais em tamanhos sacrifícios??? 

1.      Uma operante FÉ CRISTÃ ROBUSTA  com que sabiam responder aos apelos divinos através das necessidades em que pediam a Deus não milagres, mas força para agir; 
2.      Um insopitável desejo de terem uma terra em Propriedade, onde sonhavam criar uma família íntegra e pura, indissoluvelmente unida pelos santos Mandamentos da Lei de Deus;
3.      Dentro destas metas, esqueceram a si mesmos, pensando em legar estes Valores Eternos a nós, seus Descendentes. Seremos nós dignos de tal Herança?? 
Queira Deus, a quem rogamos, QUE ASSIM SEJA e ASSIM ACONTEÇA!!!"         

                                                                                        Padre Luizinho Sponchiado.